ESTRANHA SINTONIA

Como eras? Qual a tua história? Quem te habitou?
Viste nascer... viste morrer. Imensa, misteriosa... tão quieta.

Serves agora de tela à Natureza, os elementos cobrem-te o rosto de verde agreste, água e vento pardam a tua pele, o teu mistério. Abandonada, sentes que a luz dos dias não te ilumina, atenua a dor do que pensas ser. Vives o desprezo e a indiferença dos distraídos, mas... passei e em vertigem de semelhança caminhei para o teu lugar, contemplei-te em notas frescas do riacho que te valsa o corpo e as horas. Respirei um odor frio que emanava da tua sombra... foi aí que me pediste a mão sobre a face áspera do teu tempo, com os meus dedos trémulos senti o teu choro seco, humilde... dando à luz uma lágrima na face pálida do meu tempo.
Segredei-te: "és bela." Partiste comigo.


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