MAR ADENTRO


Noite clara e consciente do que se É, receia-se mas traz verdade... o oposto do dia, que apesar de claro, um mundo obtuso e inconsciente que traz conformismo... um mundo sem deuses.

(tic-tac... tic-tac...) Escuridão... três horas e vinte e dois minutos da madrugada, desnuda, d´alma alienígena e corpo minguante. Ao silêncio me revelo quando pousa sobre a minha pele com pouco tacto....aguarda pelo agasalho amarelo do argonauta. Deitada... como um fardo triste às quatro paredes mudas, cinco serenas... caiadas de cumplicidade esbatida do prazer d´uma concupiscência... tão distante. Desencontrada, adormeço... esqueço.


DÉJÀ VU (SCENE)


Bonança veraniana, a espera da intempérie...
Clarão, denso e húmido sobre o negro rami,
contraste...
Branco e Translúcida cerram o olhar
levados pelo surto da vontade...
absorve-se o inesperado nos sentidos,
em ciclos de flamejos desmedidos
sem direção prometida... brandura no olhar.

A TI J. POLLOCK


Gotejos...queda do teu sangue, dos teus tormentos, em tela absorta no teu mundo.








FORA D´ÉPOCA


A minha vontade agora é dizer... "sem comentários". Mas perante isto, não me é possível conter, apesar de Santa época... Santa Hipocrisia! Trocamos tostões pelo brilho dos olhares nos desembrulhos Prada ou L. Vuitton, nada melhor do que isso para nos engrandecer perante os outros... um bom investimento para nos respeitarem (amén). Mais uma oportunidade para promover a imagem, o estatuto do Fica Bem ou a pseudo personalidade... e se não há condições para o fazer, o lema é "não se preocupe, seja gracioso e generoso, endivide-se e preocupe-se depois".
Felicidade, é ainda ter o privilégio do ar da Natureza para o nosso corpo poder respirar a cada segundo... água para sobreviver. É poder andar pelo próprio pé em todas as calçadas... é conseguir alimentar-se por si próprio sem deficiência ou auxílio... Felicidade, é ter saúde física e mental para sorrir, compreender, abraçar quem e o que nos rodeia. Para reflectir...

VÔO


Plano a vida sem inícios, no embalo do vento livre... pelas asas da inconsciência de um fim. Sem o "já chega", sem o "nunca" e jamais com limites... em incessantes quedas livres sobre abismos desconhecidos... se desconheço, vivo... essa é a minha linguagem. Não amo, vôo apaixonada, sinto que a vida me faz assim... sem horizontes, sem trajectos, azul, dispersa, livre, minha, em grito de carrossel, altruísta, lutadora, criança... a que chora sorrindo, demente no sorriso e ausente do que já sobrevoou. Bravura, partidas, busca, o céu e a coragem no meu olhar... as matizes, os agudos e os graves, as luzes, os aplausos... esses são para mim.

SUGESTÃO...


"Num dia de sol mágico
os espelhos resolveram não reflectir as caras,
mas apenas o que os olhos traziam da rua."

"Era um espelho estranho, não reflectia coisa alguma, pensou. Ou melhor, estava a aparecer uma imagem que antes, era capaz de jurá-lo, lá não estava. Uma imagem cinzenta. Uma casa. Quase vazia, de mobília, de decoração, de alma(…) Que estranho espelho, em todo o caso, suspirou por dentro.
Estranho porque inexplicáveis as imagens que reflectia, ou melhor, talvez, as imagens que criava, tiradas de dentro dos que pretendiam ver-se nele. Era como se o espelho nos visse e nos mostrasse por dentro. Como se, ao contrário do espelho de Alice, fosse ele a mergulhar em nós, reflectindo-nos, reflectindo o desconhecido interior de Maria, de João, o fotógrafo, da Dona Manuela ou de Paulo… "

ASHES OF LIFE


“Como uma Fénix, às vezes é necessário explodir!
Para que se renasça das próprias cinzas e viver uma nova vida, uma nova paixão...

Hoje é esse o meu sentimento...
Explodi, fui até o fim, mas hoje posso renascer...
Posso novamente olhar para a vida, continuar a minha história...
Tenho uma página em branco.

Como das minhas próprias cinzas renasci, sei bem onde errei e onde acertei...
Carrego as experiências e as lembranças de uma vida que passou...
E a vontade de fazer melhor, sempre!

Renasço!

Tenho um caminho a trilhar...
Palavras a escrever...
Uma vida para viver!

Confio em mim… Conseguirei… Serei!”

Alguém