VOO IN-FINITO


Navegarem-me, é como sentir o distante, perto... A quem me sente, um embarque imprevisto pela caravela Memória, navegando em semelhanças e lembranças entre mares. Naufrágios... na minha face a queda fria das lágrimas que sem pressa arrefeceram no berço do meu olhar... os beijos sem regresso que me tocam o descanso, as esperas que larguei... a traição da realidade do que é certo... a perseguição do sonho híbrido pelos prantos... sobrevoando! O marulhar no solfejo dos anseios na partitura de mar morto... marés baralhadas pela lua!
Sou corpo salgado, não vivo em aquário! Sou letras ancoradas por lágrimas intemporais, sou escrita por mãos ausentes... letras ancoradas pela coragem mas, também pelos momentos por viver, pelo lacrimejo do céu a caminho da minha tona, vaga e calma... que me devolve de um tempo que é um agora.

Passagens... olhos sem destino da menina alada, da entediada fiel, de alma nómada, a espontânea e a do provisório, inquieta de mim mesma, dos choros e sorrisos que me pertenceram.
Só existe uma partida para cada chegada, uma voz para cada canto, duas asas para um só corpo ... os voos, esses são desfeitos por cada um, pelo impulso do instinto e com lealdade ao que se sente... ascender sem sentir a verdadeira queda não é ascensão.
Não conseguir escrever mais é porque ainda existem barreiras do além do sentir... Tanto que fica por dizer e outro tanto que fica por sentir...

mar




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