NÃO PRECISO DA REALIDADE


Tempo,


Passas e roubas-me sabor e memória

Passas e destróis a máscara de uma existência
Tiras-me sem pedir o que não te quero dar
Tiras-lhe o desejo que ele guardara de mim
Devolve-me os segundos dos olhos fechados,
Devolve-me a despedida dos corpos e segredos desvendados
Deixa-o ficar, deixa-o em mim e desaparece tu,
esvaziando sim a tua memória!

Deixa-nos ficar aqui, neste Manto pérola de cumplicidade
Onde o meu corpo, agora sozinho, dança e ainda Nos sente
Onde fomos o que não seremos mais na minha cela de paixão,
E onde num pedaço dele fiz a minha rua... onde com as suas mãos ele rasgou o meu mar.

Tempo, dá-me as tuas mãos por cima das horas...





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